agosto 25, 2007

Algumas coisas divertidas

1. Começou o campeonato, regressou o hooligan. Eu. Vai ser uma época fatal. O Benfica já é campeão e do Mondego para o norte as pri­sões estão a abarrotar.

2. Mas isto acontece depois de uma semana divertida que se traduziu no afastamento de um treinador benfiquista, mas mal amado, por um treinador madridista, mas bem amado. Fernan­do Santos, ou melhor, a cabeça de Fernando Santos, foi servida à multidão como o bode ex­piatório de todos os males do Benfica – num só dia, o clube trouxe Camacho, pôs milhares no campo de treinos, encheu de pontos de excla­mação as primeiras páginas de "A Bola" e do "Record" e fez esquecer que Santos não era o culpado daquilo que Nuno Gomes quis denun­ciar mas não denunciou. A SAD benfiquista, a mesma que anunciou que tinha oitenta milhões para gastar em dois ou três jogadores, foi a res­ponsável pela entrega de algumas das melhores peças – não foi Santos. Mas da fama nin­guém o livra. O Benfica (ou seja, L.F. Vieira) pode estar-lhe grato: a sua melancolia impede-o de protestar contra o clube do seu coração. Não tem de estar surpreendido. O pesadelo já passou.

3. Nuno Gomes falou depois do jogo contra o Leixões; percebeu-se o que ele queria dizer. Como se sabe, não sou propriamente um fã do futebol de Nuno; ele pode ser bom a marcar golos mas foi, seguramente, e só com estas de­clarações, um campeão de más oportunida­des. Chutou, mas o jogo já estava decidido.

4. Dois leitores perguntam-me: se às vezes escreve o que escreve sobre o Benfica, por que razão às vezes escreve sobre o Benfica? Só uma resposta: porque é divertido.

5. Outra coisa divertida é escrever o seguin­te: "A Arménia, esse colosso." Há quem pen­se que não se deve brincar com as desgra­ças da selecção nacional. Pelo contrário, eu acho que só se deve brincar. O leitor já tinha percebido, quando Scolari anunciou que o relvado de Erevan era tramado. Depois do relvado, outra desgraça: o jogo. Aqui vai um brinde aos pequenos flibusteiros que perse­guiam todo e qualquer cidadão que tivesse dúvidas sobre Scolari. Afinal de contas, ele não é a Nossa Senhora do Caravaggio. É um homem como os outros. Tivessem mencio­nado isso e tudo se compreenderia. Até eu lhe dava uma palmada nas costas.

6. Lendo a imprensa da semana, também é divertido ver como, nos jornais "da cor" (eles sabem que seis milhões de leitores aos sal­tos são melhor negócio do que seis milhões deprimidos - só eu e os psiquiatras gosta­mos de ver multidões em depressão), se desvalorizou a vitória do F. C. Porto em Bra­ga. Para a generalidade da rapaziada, foi Quaresma que ganhou o jogo, inteirinho, contra o Braga. Eles nunca cedem às evi­dências para que as evidências não prejudi­quem a sua felicidade. Mas numa coisa eles têm razão: o segundo golo de Quaresma não é deste mundo.

in Topo Norte – Jornal de Notícias – 25 Agosto 2007

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