novembro 17, 2007

O regresso dos repolhos

1. Já vos falei do Estrela da Amadora-FC Porto? Creio que sim. Falo do Estrela-FC Porto desde há uma semana, e alguém me deve ter ouvido. A primeira sensação, mal o jogo terminou, foi a de vergonha. Não por mim, que não joguei – nem por Jesualdo Ferreira, que vi fora das quatro linhas. Mas por aquele grupo de repolhos que vagamente se movimentava em campo. Vergonha sem remissão aparente é isto: ser a equipa campeã nacional, estar a ganhar por 2-0 a cinco minutos do fim do jogo com o Estrela da Amadora, e acabar por garantir o empate. Ou seja, foi uma derrota. Como é que isto aconteceu? Da forma que todos vimos: por infantilidade. De quem é a culpa? Isso é outra questão.

2. Uma coisa é dizermos que a culpa é de Jesualdo Ferreira por ter permitido que aquele conjunto organizado de repolhos preguiçasse a partir do 2-0. Não estou a desvalorizar o Estrela da Amadora, que até poderia ter ganho o jogo (se empatou a dois golos, é porque esteve a um passo da vitória); simplesmente trata-se da equipa que é candidata ao título pelo terceiro ano consecutivo, num fim-de-semana decisivo antes de outra paragem desmobilizadora no futebol português. Jesualdo alertou a equipa para os perigos da preguiça, ou mandou que eles preguiçassem? E precisava?

3. Outra coisa é dizermos que a culpa é daqueles rapazes. Eles são maiores de idade, aparentemente responsáveis e quase adultos, com um lastro de futebol em ambos os pés. Então, porque aconteceu o que aconteceu? Porque estava previsto que isto acontecesse e porque é esse o jogo do FC Porto depois de marcar e de aproximar-se do fim do jogo com a vitória na trouxa.
Está na altura de mudar. Definitivamente, se me faço entender.

4. Depois do último jogo europeu do SC Braga escrevi aqui que tinha sido futebol de primeira, uma coreografia de elasticidade e de controlo dos corredores de ataque diante da baliza adversária. Contra o Sporting, em dois fragmentos da partida, o Braga marcou três vezes. Muita gente perguntou: onde estava este Sporting de Braga? Estava lá. Sempre esteve lá, mas desta vez saltou o muro.

5. Sem pôr em causa a gravidade da agressão ao jogador do Celtic, gostaria de deixar uma pergunta lateral sobre a pena de seis jogos de suspensão ao camaronês Binya, do Benfica: se se tratasse de um jogador branquinho, belga ou alemão, ou inglês, teria apanhado seis jogos?

6. Luiz Felipe Scolari faz um balanço positivo do seu afastamento do banco. Para o treinador da selecção, “o grupo uniu-se” depois do castigo aplicado pela UEFA. Sem querer correr o risco de fazer piada fácil, não me parece uma conclusão muito positiva para Scolari.

in Topo Norte – Jornal de Notícias – 17 Novembro 2007

Etiquetas: