dezembro 22, 2007

Ir à Madeira para mostrar as mazelas

1. Depois da tentativa ciclística de Lisandro López aos 53 minutos do jogo de ontem con­tra o Nacional, e re­flectindo bem, tentei es­quecer o que viria a seguir. Não porque discuta as dioptrias de Jesualdo Ferreira ao avaliar o modo como redesenhou tarde o tabuleiro deste F. C. Porto, mas porque percebi o que viria a se­guir. O que veio foi o remate de Lipatin, e o 1 -O, no meio de al­guns insultos que enviei a Hélder Postiga. Porquê? Porque as câ­maras de televisão o mostraram. Postiga é um jogador peculiar. Em primeiro lugar, irrita-me. Em segundo lugar, desilude bastan­te. Basicamente, se marca um golo é porque marca um golo; se não marca é porque não conse­gue marcar. Como não tenho propósitos pe­dagógicos posso insultar à von­tade. Ontem foi Postiga. Mas também poderiam ser outros (os buracos de Lisandro, por exemplo), só que não o me­recem tanto. O facto de Quares­ma e Tarik não te­rem jogado não justifica que tenhamos de fa­zer esta pergunta fatal e cheia de más intenções: o que foi Postiga lá fazer? Nada. Moer-nos a paciência.

2. O Nacional fez um bom jogo útil. Ainda an­tes de terminar a partida, eu poderia escrever com à-vontade e tranquilida­de: fez um bom jogo. Imobilizou o campeão nacional, cresceu por duas ou três vezes em contra-ataque, explo­rou as debilidades do meio-campo do F. C. Porto, cresceu com hu­mildade ao longo da primeira parte. Fez bem. Fez o que lhe competia. Não quis ga­nhar por mais porque não pôde. Como não é depreciati­vo ganhar a repolhos co­xos e com pernas, o Nacional contentou-se com a vantagem mínima. Aliás, o festival de bolas falhadas por parte do F. C. Porto não me comove.

3. E agora, a maldade (só agora, notem bem): quando o F. C. Por­to perde desta maneira, notam-se muito bem as suas debilida­des. Porque quando perde, é por falta de brio que perde. Dá pena.

4. Ao fim de quase duas semanas em que não se falava de outra coisa, o Benfica não trouxe Delgado do México. Se fosse qualquer outro clube, coraria de vergonha depois de montar esta "operação mariachi". Como é o Benfica, a "imprensa" des­portiva remata ao lado, ciosa do seu mealheiro. Todos não se­remos demais para salvar o Benfica.

5. E, agora, Paulo Bento suspen­so. A pena não é despropositada, mas revela a pequena pasmacei­ra portuguesa, que permitiu que o processo se arrastasse durante três meses. Ao fim de três meses, a justiça desportiva veio recor­dar-nos o caso (o discurso era equilibrado, valha-nos isso); mas andou este tempo a fazer o quê?

in Topo Norte, Jornal de Notícias – 22 Dezembro 2007

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