janeiro 09, 2008

Blog # 3

O episódio BCP não diz respeito apenas à economia (ou seja, à finança) e à política; pelo contrário, tem evidentes dimensões literárias. Mais, muito mais de metade dos portugueses, habituados às telenovelas e reduzidos a acreditar na justiça divina, gostaria de um desenlace emocionante e fatal, que castigasse os empertigados, recompensasse os afoitos e maltratasse os espertalhaços. Se a decisão fosse por televoto, Cadilhe ganharia com larga vantagem, Berardo iria para as Desertas e Armando Vara ficaria na Caixa. Seria bom para o ânimo nacional e desagradável para o Governo – duas vantagens numa só história de costumes. Não digam que não estão avisados.

***

Outra das vinganças: a aparente queda de Hillary Clinton. Se fosse por televoto, Obama já lá estava, mesmo sem ir a eleições, como se o mundo andasse a precisar de charme e cinema dos anos cinquenta. Claro que os portugueses não votam na América, mas à falta de política em Portugal as eleições americanas podem substituir os cigarros nos cafés.

***

O Grupo Leya anunciou um prémio de 100 mil euros para um romance inédito. É justo; os autores portugueses ganham normalmente 12% sobre o preço de capa de um livro, o que significa que, muitas vezes, é menos do que se paga ao autor da capa. A Portugal Telecom, que é portuguesa, entrega o seu maior prémio literário no Brasil, cerca de 55 mil euros – e nenhum em Portugal.

***

FRASES

"Não há nada com menos interesse do que o lugar onde se nasce. Importante é onde e como se morre" Leonor Pinhão, ontem, no CM

"Sou anónimo, mentiroso e cobarde mas também tenho os meus rigores" Maradona, no blogue A Causa Foi Modificada

Etiquetas: