fevereiro 07, 2008

Blog # 24

Independentemente dos factos a apurar acerca das ‘casas da Guarda’ (o episódio revelado pelo ‘Público’), há uma grande margem de ressentimento dirigida contra José Sócrates. Não tanto pelo seu percurso como político, mas pela sua história como emigrante da Beira que parte para Lisboa com uma carreira política para preencher. A história repete-se, no século XIX como hoje. O que não desculpavam a Cavaco (o ser filho de quem era) não desculpam a Sócrates, modelo da província arguta e lutadora dos anos 70 e 80. Esse pecado original está em risco de ser abolido, tal como a igreja católica aboliu o limbo: muito mais de metade da população urbana de hoje vem das províncias e lembra o que teve de penar para ser aceite ‘em sociedade’. Essa gente conhece as ‘casas da Guarda’ e tem um ou dois exemplos desses na família. Sabe o preço das coisas e não nasceu num salão de arquitectura, com casas desenhadas a rigor. Portugal está a meio termo entre uma coisa e outra.

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Um grupo de economistas holandeses diz que os obesos ou os fumadores, por exemplo, custam menos ao Estado do que as pessoas saudáveis – porque morrem mais cedo. As contas podem parecer abjectas, mas ficamos com a impressão de que a longevidade é um atentado à saúde das contas públicas. Viver é cada vez mais um escândalo.

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- À atenção dos livreiros: 58% dos sul-coreanos, 55% dos alemães e dos brasileiros, 54% dos austríacos fazem as suas compras de livros exclusivamente pela internet.

- Está aí o novo romance de José Pinto Carneiro: ‘Todas se Apaixonam por Mim’, com edição da Guerra & Paz.

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