fevereiro 15, 2008

Blog # 30

A questão não é o Metro de Londres ter proibido a afixação de um determinado cartaz nos seus corredores; a questão é que esse cartaz transporta consigo uma pintura da autoria de Lucas Cranach, o Velho, que também pintou o austero Lutero ou a seráfica imagem de Jesus Cristo. Quinhentos anos depois, os bigodudos do Metro de Londres proíbem uma pintura de Lucas Cranach com medo de ofender os passageiros multiculturais que andam nas suas carruagens – essa é a notícia. Porque o fazem? Por medo. Por medo e pouca vergonha. O medo é, neste caso, vergonhoso, porque acha aceitável a reacção de gente que pode achar blasfema a pintura que Lucas Cranach compôs há quinhentos anos e que a Royal Academy exibirá a partir de 8 de Março. O medo instalou-se nas nossas ruas e nas nossas casas. Já não basta temer as ofensas que se causam, é preciso prever que alguém se ofenda e apedreje as nossas ruas e as nossas casas. Mais do que uma vergonha, é uma filha da putice. Assim mesmo.

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Mas não é só isso: dois tunisinos e um dinamarquês de origem marroquina foram presos por estarem a preparar um atentado contra um dos artistas que em 2005 publicaram uma caricatura do Profeta Maomé. Onde? Na Dinamarca. Podia ser noutro lado. Eis como a ‘fatwa’ vai do Paquistão até nossas casas. Tenham medo. Eles matam mesmo.

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- Medeiros Ferreira esteve na Casa Fernando Pessoa para falar dos livros que não esqueceu: uma autêntica Lição. De cultura e de vida. Todos ficaram comovidos. E divertidos com as alfinetadas que dirigiu ao poder.

- A Caminho está a preparar o seu ‘Dicionário de Fernando Pessoa’. Fundamental

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