fevereiro 19, 2008

Blog # 32

Antes que comecem os elogios, naturais depois da morte, vamos ao essencial: quase tudo o que Alain Robbe-Grillet escreveu era muito aborrecido. Vamos aos factos: era chato. O mais chato de tudo, aliás, era um princípio geral chamado ‘nouveau roman’, que encostou a literatura francesa (em especial o romance) ao beco sem saída onde adormeceu durante os últimos trinta anos. Robbe-Grillet era um homem simpático e engenheiro agrónomo, mas a literatura que produziu e, pior, a literatura que ‘autorizou’, eram exemplos de como se podem afastar milhões de pessoas da leitura e da escrita. Há quem pense, com toda a legitimidade, que o ‘nouveau roman’, essa enormidade sem personagens, sem vozes, sem paixão, é que é a ‘grande literatura’. Felizmente, aos poucos, a literatura francesa vai abandonando aquele torpor em que os mandarins dos anos sessenta a deixaram. A morte de Robbe-Grillet, ontem, deixa um travo de melancolia e de cinza. É um mundo que desaparece. É o destino.

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O Ministério do Ambiente disse ontem que as autarquias são responsáveis pelas cheias e complicações de trânsito na sequência das chuvas. Tem razão. A autarquia local é a entidade mais próxima e mais à mão. Algerozes, sarjetas, vias, jardins, caudais dos rios, becos, recolha de lixo: pode ser um trabalho difícil, mas é honrado.

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O livro chama-se ‘O Diabo Também Veste Zara’, de João Pedro Vanzeller, publicado pela Guerra & Paz; é um manual de estilo para homens. Por que não?

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Na próxima quinta-feira, às 18h00, Eduardo Lourenço falará sobre ‘Imagens da América’, na Fundação Luso-Americana. Não faltar.

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FRASES

"A PJ está paralisada. Vai fazendo os serviços mínimos garantidos." Carlos Anjos, Ass. Sind. dos Funcionários da Investigação Criminal, ontem no ‘CM’

"Algo vai muito mal no Benfica quando o Nuno Assis, o Luís Filipe e o Luisão são os melhores em campo." Filipe Nunes Vicente no blogue Mar Salgado

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