fevereiro 22, 2008

Blog # 35

A ministra da Educação garante que o decreto sobre o novo regime de autonomia e gestão escolar vai proporcionar “uma maior abertura ao exterior”. Precisamente o que eu temia. Exactamente aquilo que o leitor deve temer. Esta anunciada abertura da escola aos “agentes da comunidade local”, como pais, autarquias e “outros agentes”, é muito perigosa. Já acho duvidoso que a gestão das escolas possa albergar pais e autarcas; o seu limite deve ser, apenas, uma espécie de conselho consultivo. Mais nada. A ideia de “abrir a escola à sociedade”, muito certinha, não quer dizer absolutamente nada. Penso, aliás, que a escola já está “aberta” de mais à sociedade, que a enche de lugares-comuns, erros ortográficos, sintaxe de SMS, discursos sem nexo e vários elementos de distúrbio. A democracia, que transformou as escolas em “estabelecimentos de ensino”, uma espécie de “fábrica de cidadãos” em regime industrial, ainda não se desfez da ideologia que a conduziu ao desastre.

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Enquanto eurodeputada, Assunção Esteves festejava com lantejoulas, no Parlamento Europeu, o nascimento de ‘uma Europa pós--nacional’, uma ‘humanidade sem fronteiras’, o primado da ‘moral’ ou a construção da torre de Babel, entre outras tontices a Europa assiste ao regresso do nacionalismo e das fronteiras. Bela pontaria.

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Para quem não quer esquecer o mundo em que vive: ‘A Moeda Viva’, de Pierre Klossowski, foi agora publicado pela Antígona. Uma crítica do novo capital.

A Campo das Letras continua a publicação das obras (em tradução integral e actualizada) de Shakespeare. Acaba de sair ‘Como vos Aprouver’.

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FRASES

"O Michel meteu-se à frente na altura em que ele sacou da faca [...] de dentro da Bíblia." Ruben ‘Cambada’, ontem no ‘CM’

"Tenho-me de esquerda, às vezes com desvios, é certo. Mas mantenho-me ao lado de Hillary" J. M. Ferreira, no blogue Bicho-Carpinteiro

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