fevereiro 27, 2008

Blog # 38

Não sei a que soaram os acordes da Filarmónica de Nova Iorque quando, ontem, em Pyongyang, capital da Coreia do Norte, os seus músicos interpretaram a Sinfonia do Novo Mundo, de Dvorak. Mas atrevo-me a sugerir que aquele arranque luminoso da obra do compositor checo terá despertado qualquer coisa sem nome no país do filho de Kim Il Sung. Lorin Maazel, o maestro e director musical, sabe que se ouviria muito mais do que a sua música: tratou-se de um finíssimo atrevimento em época de desconfiança. A Coreia do Norte, sabemo-lo por todos os relatos que nos chegam, é um país minado pela fome, pela repressão e pelo nepotismo. O inferno de Pyongyang, que apenas suscitava dúvidas na cabeça do comunista Bernardino Soares (geralmente com tantas certezas), não abrandará depois de ouvir a mais antiga orquestra norte-americana, que foi apenas o intérprete de uma jornada de diplomacia cultural. Mas este sinal devia comover-nos: o da música contra a barbárie, no meio da neve.

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O que não se percebe realmente é que o Ministério Público instaure um inquérito sobre o Casino de Lisboa, como se só agora tivesse conhecimento dos factos. Na verdade, o MP agita-se porque a imprensa falou do assunto graças a documentos que também estavam na posse do MP. Estranho? Não. O MP andar a correr atrás dos jornais.

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Steve Jobs não vai investir nos leitores portáteis da Apple. Porquê? “Porque as pessoas já não lêem.” 40% dos americanos leu menos de um livro em 2007.

A livraria do Parlamento vai fazer uma feira até ao próximo dia 5 de Março. Há uma secção com preços de 1 a 5 euros, para que os deputados leiam livros.

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FRASES

"A força portadora do progresso é hoje a maioria parlamentar e o Governo não é a esquerda conservadora" Ministro A. Santos Silva, ontem no CM

"A ciência não pode continuar a devassar o corpo da mulher à procura do ‘ponto G’" Manuel Jorge Marmelo no blogue Teatro Anatómico

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