março 12, 2008

Blog # 48

"Chegou, empurrou a porta com força e deitou o meu irmão [José Torres] ao chão." Ele tinha sido "um pouco bruto", diz a crónica do crime de Boticas, publicada ontem neste jornal. O que fez então José Torres, de 78 anos? Conta a própria irmã: "Com os nervos foi buscar a pistola e disparou." Atingiu o outro com dois tiros no coração. O leitor passa por esta história e não lhe encontra o sabor da "criminalidade urbana" que atinge os subúrbios e as noites de Lisboa e do Porto; é um homicídio de vinganças antigas, no intervalo de um jogo de futebol – mas hoje mata-se mais, mais friamente, com o sentido da banalidade muito apurado. Há umas semanas, depois de ter disparado por duas vezes um revólver contra o peito de um antigo amigo com quem andara a jogar à bola da vizinhança (depois, as namoradas separaram-nos), o rapaz olhou à sua volta e perguntou: "Queriam que eu fizesse o quê?" Não é a imagem de um país, mas ajuda a compor o retrato com cores vivas. Ou mortas.

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O ministério da Educação quer disciplina, clareza e rigor na avaliação dos professores. Faz bem. Pode começar por explicar por que razão numas escolas se ensina a TLEBS, noutras se abandonou a TLEBS e noutras, ainda, se fala na TLEBS com intervalos. Chama-se a isto ensinar mal. Podíamos começar a avaliação pelo ministério?

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É uma das novidades da temporada. Quem vai assinar o prefácio do livro de Yasmin Reza sobre Nicolas Sarkozy (edição Quasi)? Tremam de comoção. É Luís Filipe Menezes, que já está a ler o livro.

Não percam, não percam: 'Ela e Outras Mulheres', de Rubem Fonseca (edição Campo das Letras), o melhor da língua portuguesa.

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FRASES

"A divulgação de rendimentos não fere a privacidade das pessoas."Ana Drago, deputada do BE, ontem no CM.

"As declarações de Paulo Bento, depois da saída de Camacho, só tornam mais risível a sua continuidade no Sporting."Pedro Sales, no blogue Zero de Conduta.

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