abril 01, 2008

Blog # 62

Os socialistas madeirenses estão zangados com Jaime Gama e têm razão para isso, porque um partido não é, propriamente, um fórum de debate para filósofos (muito menos o PS, apesar de o seu líder se chamar Sócrates), mas um corredor que dá ou devia dar acesso ao poder. Os socialistas madeirenses lembram que Jaime Gama chamou Bokassa (o ditador africano) a Alberto João Jardim há dezasseis anos, e que agora lhe elogia a obra e o trajecto; ora, dezasseis anos são uma eternidade que pode ter mudado quer Jardim quer Jaime Gama. Pelo que conheço de Jardim, não parece que se tivesse alterado muito do perfil e da substância da sua figura política; já de Jaime Gama não sei, mas tenho as minhas impressões – e uma delas é a de que o presidente do Parlamento (e segunda figura do Estado) não costuma dar ponto sem nó, ou seja, nunca é inocente num deslize, se se trata de um deslize. Jaime Gama a elogiar Jardim significa que ignora o partido – e que Jardim deve ser reanalisado.

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Os sociais-democratas, que há pouco elegeram Menezes para presidente, acham que este é mau candidato a primeiro-ministro, ficando atrás de Marcelo (o preferido), de Santana ou de Rui Rio. Normal; não espanta. Agora, precisam de ter cautela, porque Menezes, despeitado e magoado, pode demitir os militantes do PSD e eleger outros.

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Poesia fundamental e, infelizmente, pouco divulgada: a de Gil de Carvalho, com 30 anos de versos reunidos em 'Viagens' (edição Assírio & Alvim)

Hoje, em Lisboa, na Fnac/Chiado (18h30), Duarte Belo e José Tolentino Mendonça evocam a obra e a figura de Ruy Belo. Oportunidade a não falhar.

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FRASES

"Jardim também quer assumir uma governação de 'face humana' após 'trinta anos a disfarçar estados de alma'."Ana Matos Pires no blogue 5 Dias

"Ou os militantes partem derrotados para as eleições ou encontramos alguém que se confronte com Sócrates."Castro Almeida, dirigente do PSD, ontem no CM

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