abril 23, 2008

Blog # 78

Para todos os efeitos, o anúncio da candidatura de Manuela Ferreira Leite à presidência do PSD é um marco importante na história recente do partido, embora não lhe garanta nem a vitória antecipada, nem a vitória no dia das directas. Durante alguns anos o partido andou entregue ou a personagens menores ou a questões irrelevantes, desde o pagamento das quotas até às manigâncias das concelhias e ao atoleiro que representou a câmara de Lisboa. Comparada com Menezes, Ribau, Gomes da Silva ou Santana, Ferreira Leite é um clássico – e uma mulher, pormenor não menosprezável. Se Manuela Ferreira Leite ganhar a presidência do PSD esse pormenor deve ser valorizado, porque é um elemento transformador na política portuguesa, entregue a homens, cada vez mais aborrecidos, cinzentos e iguais na patetice. Até lá, no entanto, há várias etapas essenciais. A primeira é convencer o PSD de que o conglomerado das suas concelhias, ao pé do que pode ser o seu eleitorado, vale muito pouco.

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Há uma nova categoria profissional aí à solta: o especialista em corrupção. O assunto merece estudo, debate e tratamento. Convinha ler tudo o que se escreveu em Portugal sobre corrupção desde há dez anos – é material bastante para as polícias, está claro, mas também para os romancistas, para os psicólogos e para os humoristas.

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'As Têmporas das Cinzas' é o mais belo e o mais recente livro de poemas de A.M. Pires Cabral, publicado pela Cotovia. Oxalá saibamos merecer estes versos de excepção.

Imagine-se: Hélio Loureiro, o 'chef' portuense, publica um romance que chega às livrarias ainda esta semana: 'O Cozinheiro do Rei D. João VI' (edição Esfera dos Livros).

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FRASES

"Ferreira Leite é candidata com o apoio dos barrosistas [...] que não a deixaram ser líder quando o chefe foi para Bruxelas." Rodrigo Moita de Deus, no blogue 31 da Armada.

"Falta o essencial: o corruptor também devia ser protegido se denunciasse o corrompido." Saldanha Sanches, ontem no CM.

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