maio 23, 2008

Blog # 100

Torcato Sepúlveda era meu amigo e morreu anteontem. Fiquei mais pobre de gente e mais triste e mais convencido de que a minha geração está, aos poucos, a ser ‘requisitada’ para a grande viagem, a última. Ele não gostaria de servir de aval para este sentimento medricas – porque era um homem para lá de corajoso – que olha para o dia seguinte a pensar na eternidade. Torcato era um libertário, um liberal e um dos homens mais cultos que conheci. O que significa que era humilde, frontal e conhecia o seu lugar – de que gostava. Encontrávamo-nos, às vezes, num jardim onde ele ia ler, logo de manhã, misturado com os velhos e os pássaros. Diante da sua memória, fico mais só. Eu e os que aprendemos com ele ("Sou um pobre homem do Minho", como ele gostava de dizer) que a vida é isto.

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Termino ‘Já Ninguém Morre de Amor’, de Domingos Amaral (Casa das Letras) com uma sensação agradável: uma história bem contada, sem tentação de ‘fazer literatura’, sem a arrogância dos fracos de espírito que se empertigam com o sucesso.

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