junho 16, 2008

Blog # 116

Não há novas lições a retirar do referendo irlandês. O 'não' foi 'não', mas o referendo irá repetir-se até que os irlandeses digam 'sim'. É uma forma curiosa de viver em democracia, mas compreende-se: o Tratado de Lisboa, por quem Sócrates apostou a sua carreira política, não tem muito a ver com a 'Europa dos cidadãos'; é uma constituição que rege as relações entre as partes, uma espécie de regulamento interno da confederação. As altas esferas acham que não é matéria para referendo porque os cidadãos, que são parvos, não entendem o que lá está escrito – e não se pode votar sobre o que não se entende. Esta nova forma de despotismo não ameaça o coração da Europa mas mostra-nos que há cada vez mais decisões em que deixámos de ter uma palavra a dizer. Começou a solidão da Europa.

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Gostava de indicar um livro novo, mas estou a reler 'O Monte dos Vendavais', de Emily Brontë. Com 'Jane Eyre' e 'Orgulho e Preconceito' é um dos grandes romances europeus. Sobre o amor, o ciúme e a desconfiança, coisas de sempre.

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FRASES

"Poder não cria leis contra si próprio." Cândida Almeida, Departamento Central de Investigação e Acção Penal, ontem no CM.

"A democracia é enervante. Principalmente quando o resultado é aquele que não queremos." Sofia Loureiro dos Santos no blogue Defender o Quadrado.

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