outubro 28, 2008

Blog # 212

José Eduardo Agualusa escreveu um livro notável, 'O Vendedor de Passados', em que o personagem principal se dispunha a isso mesmo – a inventar o melhor passado possível para cada um dos seus clientes. Quem não quer ter um bom passado, altamente recomendável? A luta política em Portugal, longe de esgrimir argumentos e propostas, vale-se frequentemente da trafulhice de combater o passado dos adversários (se possível esquecendo o próprio). É um método como qualquer outro, disponível nos manuais – mas há-de acabar por rebentar nas próprias mãos do utilizador. Há sempre uma vergonha escondida, uma distracção, um gesto menos próprio, uma coisinha humana e natural que atraiçoa os defensores da moralidade ou os super-homens impolutos. As pobres viúvas de Lorca são o pior da política.

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Amanhã, na Livraria Pó dos Livros, em Lisboa (Marquês de Tomar, 89), Francisco Louçã diz que livros anda a ler e conversa com Pedro Mexia, Fernanda Câncio e Rui Tavares, que lhe fazem uma pergunta: "E se fosse primeiro-ministro?"

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FRASES

"Há uma maior receita, pois aumenta o número de prevaricadores." Carlos Barbosa, presidente do ACP, ontem no CM.

"O Estado ajuda as construtoras com projectos, as construtoras criam emprego em ano de eleições." João Miranda, no blogue Blasfémias.

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