abril 08, 2009

Blog # 326

José Murilo de Carvalho, o autor vencedor da primeira edição do Prémio Leya, acha que “a Língua pode unir-nos muito mais do que a Literatura”. Uma afirmação como esta faz o delírio dos distraídos e dos legisladores da cultura. Mas é grave, por muito que a figura de Murilo seja simpática (e é). Primeiro: se não for a Literatura a fixar a Língua, esta morre, como nos ensinam a história e a filologia; depois, porque um escritor devia saber que a Língua, sem realização literária, é apenas um bom resíduo para acrescentar o lixo dos burocratas – é apenas um alfabeto sem vida. O que faz a grandeza do Português é ter sido a língua de Euclydes da Cunha, de Eça, de Machado de Assis, de Camilo, de Drummond ou de Vergílio Ferreira – não por ser usada por um director das Alfândegas...

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É o regresso em grande de Artur Portela, num romance delirante e cheio de coisas estapafúrdias: ‘A Guerra da Meseta’ (D. Quixote). Já vou no capítulo 22 e ri bastante: imaginemos um país da treta – esse em que está a pensar, leitor.

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FRASES

"Como é possível que eu ainda não tenha apanhado com um processo? É só amiguismos, é o que é." Sofia Rocha, no blogue Geração de 60.

"Não temos o direito de deixar aos nossos filhos um passivo que tenham dificuldade em suportar." Cavaco Silva, ontem, no CM.

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