junho 23, 2009

Blog # 380

Os portugueses tornaram-se mimados, pouco tolerantes com as contrariedades e incapazes de aceitar a mínima rejeição – e violentos, em consequência. Antes de se suicidar, um homem mata a sua família porque “não aceita o divórcio”. Por causa de um jogo de futebol, dois miúdos esfaquearam-se e o bairro inteiro recebe a polícia à pedrada. Um ex-marido matou o novo namorado da ex-mulher “por não aguentar a situação”. Um estudante universitário matou a namorada “porque ela o rejeitou”. São notícias que vêm nas páginas de crime, é verdade, mas ajudam a pintar o retrato de um país que perdeu o pai, não reconhece a autoridade, teme as dificuldades, desconfia das instituições, muda conforme a onda e desculpa-se com dissimulação abjeta. É um país moderno, arrogante e empobrecido.

***

Ontem, recomendei Francisco González Ledesma, um admirável ficcionista de Barcelona – hoje, recomendo o seu pseudónimo, Enrique Moriel, autor de ‘A Cidade Sem Tempo’ (Livros d’Hoje). O tema? Barcelona, cidade de romances e de delírios.

***

FRASES

"Esse grupo de jovens reúne-se todos os dias, mas quando se chateiam são violentos." José Moreira, morador de S. Julião do Tojal, em Loures, depois de uma rixa. Ontem, no CM.

"Berlusconi resistiu a tudo, mas não resistiu à cama. É daí que ele vai cair." Tomás Vasques, no blogue Hoje Há Conquilhas.

Etiquetas: