agosto 10, 2009

Blog # 414

O meu avô ria com Raul Solnado. Eu ria com Raul Solnado. Várias gerações gostaram de rir com Solnado. De resto, quando ainda não se falava de ‘stand-up comedy’, ele já a antecipara entre nós. Mas os espectadores nunca suspeitaram os dramas que ele viveu por detrás da “fábrica do riso”; a sua biografia, escrita por Leonor Xavier, é um documento importante para compreender por que razão amámos tanto aquele homem terno e educado, sorridente como um antigo cavalheiro que não transformou o riso numa ditadura alarve, nem defendeu a obrigação de rir a todo o custo. A densidade dramática aparece, por exemplo, em ‘Balada da Praia dos Cães’, uma interpretação notável que mostra o seu talento para lá da comédia. De certa maneira, ele era um dos nossos príncipes. Um motivo de orgulho.

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Recomendo todos os livros de João Lobo Antunes, um dos nossos maiores talentos, afastado do Conselho de Ética para as Ciências da Vida. Estão publicados pela Gradiva. Quem o mandou afastar não os leu – e nunca escreveu um único.

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FRASES

"Fui de férias, voltei, e nada se resolveu, estou a ver." Lourenço Cordeiro, no blogue Complexidade e Contradição.

"Segurei-lhe na cabeça, ele suspirou três vezes e morreu." Manuel Ferreira, sobre António Loureiro Afonso, 43 anos, assassinado à queima-roupa em Oliveira de Azeméis. Ontem, no CM.

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