setembro 01, 2009

Blog # 430

José Sócrates decidiu, com efeitos dramáticos e para entrada imediata em vigor, dividir Portugal ao meio: do seu lado estaria a “modernidade”; do outro, na oposição (em toda ela), uma mundividência atrasadinha, incapaz de reconhecer o cosmopolitismo e o progresso, fontes de felicidade verdadeira, de prosperidade e de honesta sabedoria. O “progresso”, como “a modernidade”, são palavras fáceis para gente fácil, uma espécie de ideologia do momento, muito em conta no mercado. Sócrates pode magoar-se na brincadeira; a tentativa de dividir o país entre “nós” e os “maus” nunca deu bons resultados. Nem eleitorais. No século XIX, o melhor que este discurso produziu foram duas figuras inocentes e bisonhas: Júlio Dinis, pelo lado romântico; o Conde de Abranhos, pelo lado cómico.

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A Relógio d’Água fez-me a vontade: estava a faltar uma edição de ‘Crime e Castigo’, de Dostoievski. Está aí e tem tradução diretamente do russo – de António Pescada. Para vivermos de perto o drama de Rodion Romanovitch Raskolnikov.

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FRASES

"Dá gosto de ver a sinceridade com que Camões fala da sua dor de corno." Bruno Sena Martins, no blogue Avatares de um Desejo.

"Nos homens gosto de apreciar o tronco." Cláudia Jacques, modelo, ontem no CM.

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