setembro 25, 2009

Blog # 447

Marion Zimmer Bradley morreu há dez anos. Não era uma escritora condenada ao Olimpo da literatura; longe disso. Teve, no entanto, uma virtude rara – foi graças aos seus livros (e, claramente, ao seu “ciclo de Avalon”) que milhões de leitores em todo o mundo compreenderam que não havia apenas uma tradição cultural e religiosa na Europa. Por detrás do brilho e do rasto de luz dos vencedores, no trono e no altar, outras tradições e maneiras de ver tinham existido, coexistido e – quase – desaparecido. O ciclo das “brumas de Avalon”, que Marion Zimmer Bradley explorou até ao osso, recuperou esse cenário mítico de um mundo em que as mulheres tinham mais poder do que hoje e em que havia simpatia pelo mistério e pelos enigmas. Ou seja: obrigou-nos a sonhar, o que já não é pouco.

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Este fim de semana já estará à venda, finalmente, o novo romance de Roberto Bolaño, ‘2666’ (Quetzal). São 1032 páginas sobre a loucura, a literatura e a vida que não termina. Não consegui resistir a falar dele. É uma obra de arte.

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FRASES

"Sócrates terá de negociar. Aplacar a sede absolutista de boas notícias. Domar o animal feroz." Octávio Ribeiro, ontem, no CM.

"Os bloggers obsessivos transformam-se em jornalistas. São mais um elemento da paisagem." Luís Januário, no blogue A Natureza do Mal.

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