maio 03, 2010

Blog # 599

Há personagens de romance que entram pela política e a marcam em definitivo. O tempo escolhe as melhores personagens, e uma delas é Francisco da Cunha Leal (1888-1970), este sábado homenageado no Fundão. Figura de destaque da oposição ao salazarismo, o seu trajeto político vem da I República, que viveu intensamente, com entusiasmo, coragem e contradições – como a época exigia, aliás. A meio do século XX, viu antes dos outros a necessidade de antecipar mudanças que, depois foram trágicas (a economia e as colónias, por exemplo). A imprensa vibrava quando se anunciava um discurso de Cunha Leal; como político, distinguir-se-ia dos de hoje – pela voz. E por não ter medo de provocar escândalo entre os dogmas bem comportados da esquerda ou da direita. Coisa rara. Ave rara, ele.

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Crónica de vidas dispersas, de mundos estranhos, de humanidades perdidas – é este o resumo, se existe, de ‘Submundo’, de Don DeLillo (Sextante): é um resumo do que foi a nossa vida nos anos mais recentes. Muito, muito bom.

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FRASES

"Não gosto de trabalhar e nunca fiz mais nada na vida a não ser escrever." Sveva Casati Modignani, ontem, no CM.

"Há muita gente a querer governar o país de fora sem se responsabilizar pelos resultados." José Medeiros Ferreira, no blogue Córtex Frontal.

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