outubro 02, 2010

Balanço & contas

Sei que não é justo criticar os pobres especialistas que, no início da pré-época, já tinham o título atribuído. André Villas-Boas conseguiu, com o jogo de ontem à noite na Bulgária, um mais do que satisfatório pleno de vitórias do FC Porto. Não se tratando de um feito inédito na história do clube, ele é – nas suas condições –, uma vingança do trabalho sobre o estardalhaço e o provincianismo futebolístico. Para o clube, um necessário suplemento de cavalheirismo (como durante meses aqui insisti antes da sua escolha); para o futebol português, uma injecção de qualidade e de contenção, em simultâneo. Ambas as coisas são boas. Ambas são qualidades essenciais de um líder sereno.

2. Preocupações? Claro: no jogo do passado sábado contra o Olhanense, golos desperdiçados; no jogo contra o CSKA, golos desperdiçados. Cada um deles não foi apenas uma oportunidade perdida; foi, também, uma distracção que podia ter sido perigosa.

3. Confirmações? Naturalmente: Belluschi e sobretudo Moutinho como excelentes manobradores que, com tempo, podem fazer esquecer uma parte das saudades de Lucho. Falcao como artilheiro generoso. Fernando como «encarregado das muralhas» e vigia à distância. Silvestre Varela como lanceiro disponível para percorrer todo o campo. Mas Villas-Boas lançou também um desafio a Hulk (o jogo com o Braga foi um marco): o de se concentrar e, também, de servir jogo. É provável que Maicon esteja a ser uma peça menos dispensável, tal como aconteceu com Rolando. E que Otamendi, que no primeiro jogo assinou um golo, revele mais das qualidades secantes do seu estilo. Helton, no seu lugar. O resto, com flutuações ligeiras, de Sapunaru para Fucile, de Ruben para Souza e Walter ou Rodríguez, a caminho da estabilidade. E da solidez. Por isso, o jogo de ontem foi também um aviso redundante que deve levar a equipa, agora, a procurar mais eficácia e instinto goleador (ou, pelo menos, a não desperdiçar tentos).

in A Bola - 2 de Outubro 2010

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