outubro 27, 2010

Blog # 725

Pode acontecer que, no futuro, além dos historiadores, um romancista ou um comediante se interessem pela aprovação deste Orçamento de Estado. Ontem, Mário Soares reafirmou que ele é mau “ou bastante mau até”. À direita e à esquerda, banqueiros e sindicalistas, em simultâneo, insistem em que ele é péssimo. De todas as figuras públicas falta-nos apenas o primeiro-ministro a reunir-se à confraria dos críticos, mas haja esperança. O episódio lembra uma cena de ‘Os Maias’, acerca do empréstimo – ‘Então faz-se o empréstimo?’, perguntam vários personagens. Mais de cem anos depois, a situação é a mesma: “Aprove-se o mau, o péssimo orçamento, para que se faça o empréstimo.” Porque é disso que se trata – de um empréstimo. Vivemos de empréstimo; não temos, portanto, vida própria.

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Lê-se com entusiasmo e sem paragens a magnífica biografia de Francisco Sá Carneiro, de Miguel Pinheiro (Esfera dos Livros): pormenores, diálogos, reconstituições – recordando o tempo em que os políticos não falavam só por falar.

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FRASES

"Portanto, é assim: ignorar o manual das ideias feitas, ler os autores à luz da obra precedente." Eduardo Pitta, no blogue Da Literatura.

"A política está como o País. Pobre de ideias e cheia de oportunistas que tratam das suas vidinhas." António Ribeiro Ferreira, ontem, no CM.

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