novembro 23, 2010

Blog # 742

Se nas escolas portuguesas se estudasse música, seriam amanhã assinalados os 360 anos que nos separam da morte de Frei Manuel Cardoso (1566-1650), um talento extraordinário na história da nossa cultura. A sua missa de Requiem (há duas versões a reter, a da Schola Cantorum de Oxford, e a dos Tallis Scholars – alem de um conjunto de obras polifónicas pelo Ars Nova Ensemble) é um relâmpago que ilumina todo o XVII, na companhia, por exemplo, das obras de Duarte Lobo, outro mestre da época. Manuel Cardoso é o derradeiro profeta de uma melancolia conservadora e anti-europeia que depois conheceria o brilho do barroco e do maneirismo posteriores (que marcariam Carlos Seixas); mas é sobretudo um altíssimo nome português que a ignorância atual maltrata. Ouçamo-lo um pouco.

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Uma escrita deliciosa e culta: a de ‘O Quinto da Discórdia’, de Robertson Davies, um dos clássicos americanos do século XX e um mestre na arte de contar uma história (edição Ahab) sem parecer que se limita a contar uma história.

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FRASES

"Não há remodelações que resolvam o que só o povo pode resolver. É uma questão de tempo." Marques Mendes, ontem, no CM.

"Gosto tanto, que não leio tudo de uma vez. Vou lendo, devagar, para prolongar o efeito." Henrique Raposo, no blogue Clube das Repúblicas Mortas.

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