fevereiro 16, 2011

Blog # 803

A ideia de que “a juventude é que é”, que “a juventude tem sempre razão”, que “é preciso investir na juventude”, entre outras anomalias herdadas dos anos 70, criou um mundo de monstrinhos egoístas e salafrários – e manda-nos esconder os velhos, ou porque têm rugas, ou porque não fazem aeróbica, ou porque são um incómodo e fazem xixi na cama. É preciso afastá-los da vista. Depois de um ou dois dramas mais macabros, a atenção das pessoas regressa aos seus velhos, que o Estado, muito amável, trata por “idosos”. Uma sociedade que não gosta dos seus velhos, que não os protege, que não os salva da doença, que não os prepara para a velhice — não merece a sua sabedoria nem a sua melancolia. Favorece o medo e a angústia diante do futuro. E autoriza todas as formas de egoísmo.

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A edição hoje corre quase tão depressa como os acontecimentos. A Civilização acaba de publicar ‘Os 33’, um livro de Jonathan Franklin sobre o resgate dos mineiros chilenos. O relato de 69 dias passados a 700 metros abaixo do solo.

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FRASES

"Se a escola privada tiver melhor avaliação, fecho a pública e deixo a privada." Eduardo Marçal Grilo, ex-ministro da Educação. Ontem, no CM.

"Agora somos todos egípcios. Quando vier um 25 de Novembro vão separar as águas do Mar Vermelho." Pedro Picoito, no blogue O Cachimbo de Magritte.

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