junho 25, 2011

Adeus, bem vindo

Nunca falei com ele. Mas ouvi-o bastante e considerei, desde o primeiro minuto, que era um treinador à altura das exigências do FC Porto para a renovação que — à vista de todos — era mais do que necessária depois de um ciclo de vitórias. Chamei-lhe “cavalheiro” e insisti no facto de que o FC Porto precisava de um “cavalheiro” naquele posto, não só para reforçar os laços dos adeptos com o clube mas, também, para reafirmar a raiz do próprio clube. Era um risco, foi um risco — mas André Villas-Boas foi, felizmente, tudo o que se esperava e ainda mais. Revelou-se um bom estratega, um bom treinador e um bom rosto para essa nova fase do FC Porto.

Por isso tomo a decisão do Chelsea como uma espécie de “afronta pessoal”; porque Villas-Boas estava na base de uma reconstrução em curso. O mundo do futebol e dos seus profissionais é feito de opções de risco, no fio da navalha, no coração da tempestade. Só assim se compreende que esta saída de André seja o resultado da natural ambição de um treinador jovem e de grande qualidade, aproveitando esta oportunidade fatal. Infelizmente, por ser o Chelsea, a decisão tem um pouco de “déjà vu”; e as comparações com Mourinho serão injustas.

Adeus, André — bem vindo Vítor Pereira. Não se trata de uma segunda escolha, mas da opção natural no interior de um clube forte e de sólida cultura dirigente. A opção por Vítor Pereira pretende, antes de mais, provar que existem no FC Porto massa crítica e soluções de mérito. Vítor Pereira pode bem ser essa prova de qualidade que qualquer clube precisa. Ele pode fazer esquecer esta traição que não merecíamos.


P.S. – Platini, o francês que preside à UEFA, usou o FC Porto numas declarações despropositadas sobre futebolistas estrangeiros. É perseguição e ressentimento. Platini foi estrangeiro como jogador e jogou ao lado de estrangeiros. Com estas declarações persegue, inesperadamente, o objectivo de confirmar as opiniões dos que o consideram um tonto.

in A Bola - 25 Junho 2011

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