junho 09, 2011

Blog # 884

Poucos homens poderiam manter, ao longo da vida, uma tal elegância e uma tal profundidade. Jorge Semprún (1923-2011) teria de ser um deles; o seu ‘A Escrita ou a Vida’ (1994) é um testemunho raro; os seus ‘A Segunda Morte de Ramón Mercader’ (1969) e ‘Autobiografia de Federico Sánchez’ (1977) entram em qualquer panorâmica da literatura e da política espanholas; no cinema, não deve ser esquecida a sua colaboração com Costa-Gravas e Alain Resnais. A polémica perseguiu-o, de Buchenwald ao Partido Comunista espanhol, mas a sua aura sobreviveu. Conheci-o em Madrid quando era ministro da Cultura: um rosto tranquilo, uma voz pausada; era independente numa Espanha que queria alinhados à força, o que lhe custou o lugar. A sua morte deixa o mesmo rasto de turbulência. É o costume.

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Livro que me deixou fascinado: ‘De Ourique a Aljubarrota. A Guerra na Idade Média’, de Miguel Gomes Martins (Esfera dos Livros). Como morríamos, matávamos, estudávamos os inimigos e organizávamos a vida durante a batalha? Excelente.

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FRASES

"Só mais uma coisa: o voto é sempre ‘útil’. As pessoas votam sempre em quem querem votar." Lourenço Cordeiro, no blogue Complexidade e Contradição.

"Em 2007 o número de crianças nascidas foi inferior ao número de falecidos." Armando Esteves Pereira, ontem, no CM.

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