agosto 20, 2011

Começo de empate

O campeonato começou como merecia – empates sobre empates ou magras vitórias que não indicam grande coisas sobre o que (já) está em jogo. Entretive-me a apreciar os comentários televisivos, sobretudo estes, sobre as quatro principais partidas da jornada; e corei de pudor. Como é possível detectar “um jogo bem explanado” (peço perdão aos mestres da Língua...) em qualquer daqueles encontros, ou, sequer, vislumbrar “bons sinais fornecidos” por qualquer dos jogadores que entrou nos relvados? Só por grande amor ao negócio das transmissões televisivas – ou, quiçá, ao entusiasmo futebolístico propriamente dito – se podem ouvir expressões daquelas sem que o nervo óptico não trema ou sem que a vergonha nos assalte. Primeiro: foram maus jogos. Segundo: os jogadores estão, essencialmente, desmotivados por uma época que começa quando “o mercado” ainda está aberto e decidido a reviravoltas.

O Sr. Platini, mesmo sem vestir a sua habitual e dispensável pele de moralista, bem podia providenciar para que os calendários fossem mais adequados: começam os campeonatos, fecha o mercado dos passes. Não é admissível esta sobreposição, prejudicial para clubes e para adeptos – e, já agora, para o essencial da verdade desportiva.

Por falar nisso, retenhamos o caso de Falcao, em transferência para um clube secundário de Madrid. Coisa que não se compreende num atleta ambicioso e de grande qualidade – trocar uma equipa residente da Champions por um emblema de segundo plano que costuma devorar jogadores e treinadores a uma velocidade razoável, para os devolver sem classe nem glória. Se isso acontecer com Falcao, como é provável, não foi por falta de aviso. Compreende-se que Ruben Micael o faça, até porque não tem sido titular imprescindível. Mas é como se sabe: num clube como o FC Porto só fazem falta aqueles que estão efectivamente lá.

in A Bola - 20 Agosto 2011

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